O método situacional foi proposto por Greco (1998) e tem como principal objetivo o desenvolvimento de habilidades e capacidades dos jogadores em relação à compreensão tática do jogo e de aspectos relacionados à tomada de decisão. Ele surge como uma alternativa aos métodos tradicionais de ensino dos esportes, caracterizados por uma abordagem analítica, e propõe a utilização de situações extraídas do jogo que possibilitam o aprendizado de elementos relacionados à lógica do jogo e a integração dos componentes técnico-táticos. Na prática, as situações de jogo se materializam por meio das chamadas estruturas funcionais. A estrutura funcional de jogo consiste em um ou mais jogadores (1x0, 1x1, 1x1+1, 2x2, 3x3 etc), que realizam tarefas de ataque quando em posse de bola, e de defesa sem a posse de bola. As atividades são apresentadas considerando as características do jogo formal, porém com variações quanto ao número de participantes, espaço, tempo e regras, possibilitando a redução ou aumento da complexidade das tarefas. Por exemplo, no voleibol, uma tarefa de saque x passe + levantamento pode ser expressa pela estrutura funcional 1x1+1 ou 1x2+1, e assim por diante.
A aplicação do método situacional pressupõe a passagem por fases ou etapas que permeiam o processo de ensino-aprendizagem, são elas: momento inicial ou linear, momento posicional, momento situacional, e ainda o jogo motriz, proposto por Ribas (2014). O momento inicial ou linear tem como característica a utilização de atividades com o objetivo de aquisição da técnica e desenvolvimento de elementos táticos básicos. Por exemplo, trocar passes altos de toque em duplas (1+1) para desenvolver a técnica do toque e elementos táticos básicos como a leitura da trajetória da bola e da posição do companheiro. Já o momento posicional tem como objetivo desenvolver a técnica orientada no espaço de jogo ( desenvolvimento de parâmetros como força, direção, precisão etc). Por exemplo, realizar um levantamento de toque de uma bola lançada pelo professor do fundo da quadra (1x0). Nesse momento, o aluno é colocado em uma situação concreta mais próxima do contexto de jogo, visto que ele deve orientar o corpo no espaço em direção à zona de ataque, aplicar a força necessária na bola e precisar o contato com ela para que ele obtenha êxito no levantamento. Já no momento situacional são utilizadas situações extraídas do jogo com o objetivo de desenvolver a leitura de jogo e a tomada de decisão. No mesmo exemplo da tarefa anterior do levantamento, ao invés do professor lançar a bola para o levantador, ele pode colocar um aluno para sacar e outro para receber (1x1+1), com isso o levantador precisa ler o saque adversário e o passe do companheiro para ajustar sua ação de levantamento. E por fim, o jogo motriz tem como característica a utilização de jogos modificados com um sistema de pontuação com o objetivo de desenvolver a leitura de jogo, a tomada de decisão e processos ativos (psicológicos, emocionais, físicos etc) em contexto de jogo. Por exemplo, um jogo (2x2, 3x3, 4x4, 6x6) no qual um levantamento bom confere 2 pontos a equipe se ela pontuar no rally. De forma resumida, a estruturação das atividades é progressiva, partindo de situações mais lineares, passando por situações posicionais até chegar a aplicação em situações de jogo. Nesse sentido, recomenda-se que os momentos linear e posicional ocupem um menor tempo no processo em relação aos momentos situacional e jogo motriz para que ocorra a integração dos componentes técnico-táticos.
O método situacional possibilita que os alunos sejam confrontados com situações de jogo em forma de estruturas funcionais, que promovem a solução de problemas, a continuidade das ações de jogo, o aprendizado tático, a interrelação técnico-tática e a transferência dos conhecimentos do treino para o jogo (LANES et al, 2020).
REFERÊNCIAS
GRECO, Pablo Juan. Iniciação esportiva universal: metodologia da iniciação esportiva na escola e no clube. Belo Horizonte, MG: UFMG, 1998.
LANES, B. M., OLIVEIRA, R. V. de, RIBAS, J. M. Método Situacional: elementos conceituais para o processo de ensino-aprendizagem-treinamento dos esportes coletivos. Corpoconsciência, Cuiabá-MT, vol. 24, n. 3, p. 12-25, set./ dez., 2020 ISSN 1517-6096 – ISSNe 2178-5945
RIBAS, João Francisco Magno. Praxiologia motriz e voleibol: elementos para o trabalho pedagógico. Ijuí, RS: Unijuí, 2014.
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